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Novo Mascote: Conta De Luz Mais Barata

O Brasil já tem um mascote para a economia: a conta de luz. Em meio a tanto pessimismo e dúvidas sobre os rumos do país, o governo resolveu escolher um tema sensível aos brasileiros e à popularidade da presidente Dilma Rousseff. A promessa de redução da conta de energia elétrica para residências e industrias vem balançando sem cair desde o anúncio da medida, no ano passado.Agora a promessa deve ganhar um reforço inesperado: a presidente está para anunciar uma redução ainda maior das tarifas de energia – 18% para as casas e comércio e até 32% para indústria. Já estava difícil acreditar, ou pelo menos entender, como seria possível manter o compromisso original (queda de 20%) com a confusão gerada pelo plano de renovação das concessões das companhias elétricas e agora com o uso prolongado das termelétricas para garantir o abastecimento de energia do país.


Com os obstáculos atuais, o governo teria que “financiar” a queda das contas de luz para não jogar as empresas do setor no limbo (ou na escuridão). O subsídio virá através do Tesouro Nacional, emitindo dívida nova para levantar caixa e bancar a promessa, já disse o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Romeu Rufino.

Ora, o Brasil mal conseguiu fechar as contas em 2012 para cumprir a meta do superávit primário (poupança para pagar juros da dívida). Como vai conseguir a proeza em 2013 se aumentar ainda mais os gastos públicos? Não se pode esquecer que o governo já terá que lidar com uma queda importante na arrecadação em função das desonerações e isenções de impostos já comprometidas e que vão pesar mais este ano.

Junte isso com as notícias divulgadas sobre a economia nestes primeiros 23 dias de janeiro. Algumas delas só nesta quarta-feira (23): o déficit na conta corrente (todas as transações brasileiras com o exterior) é recorde em 2012 – ficamos negativos em US$ 54 bilhões; a inflação dos 15 primeiros dias do ano fica em 0,88% e faz o IPCA chegar a 6,02% em 12 meses, sendo que mais de 70% dos preços apresentaram alta; FMI reduz as projeções de crescimento para o Brasil, na correção mais acentuada feita pelo Fundo para as maiores economias do mundo – para eles o Brasil vai crescer 3,5% em 2013. 

A conta de luz não vai conseguir sozinha iluminar essa trilha pedregosa que a economia brasileira atravessa agora. Desviar o foco dos problemas mais urgentes para tentar avançar com maior rapidez pode acabar custando caro para o país. O mapa do “tesouro” tem mais mistérios do que indicações de como vamos, por exemplo, controlar uma alta mais acentuada da inflação. Essa sim uma baita pedra no caminho, com ou sem luz.

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