O Globo
Cuba - O Papa Francisco celebrou a primeira grande missa em Cuba diante de dezenas de milhares de cubanos no domingo na Praça da Revolução de Havana, o coração político de Cuba, onde o governo comunista encena seus maiores comícios, diz a agência de notícias Reuters.
A enorme praça é o lugar onde os cubanos celebram o Dia de Maio sob retratos enormes dos líderes revolucionários Ernesto “Che” Guevara e Camilo Cienfuegos construídos nas fachadas dos edifícios estatais.
Para saudar o papa, que ajudou a trazer a recente aproximação entre Cuba e os Estados Unidos e para muitos encarna, em sua mensagem, a esperança de mudanças profundas na ilha, um cartaz gigante semelhante de Jesus Cristo foi pendurado nas proximidades. Os habitantes da ilha esperam que Francisco possa estimular maior abertura econômica, política e de respeito pelos direitos humanos em um país governado há décadas pelo partido comunista.Alguns fiéis esperavam na praça desde as 3h da madrugada.
“Francisco veio para abençoar esta nova união entre Cuba e os Estados Unidos”, disse Enrique Mesa, a trabalhador de turismo de 32 anos.
Enquanto o governo de Cuba em parte se aproveita do fulgor de quatro dias de visita do papa, o Pontífice pode usar o palco para criticar os líderes comunistas em matéria de democracia e direitos humanos.
Chegando no sábado, Francisco, que se tornou popular por deixar de lado o luxo que cercou seus antecessores e por adotar posições mais ousadas em questões como a homossexualidade e o divórcio, exortou Cuba e os Estados Unidos a aprofundarem sua distensão, e encorajou Cuba a conceder mais liberdade para a Igreja Católica Romana, que tem reemergido como uma força poderosa depois de sofrer décadas de repressão.
O papa também observou a necessidade de que “a igreja continue a acompanhar e encorajar o povo cubano em suas esperanças e suas preocupações”, que para muitos têm a ver com abertura de um país onde o governo mantém um rígido controle sobre todas as atividades econômicas e onde muitos se queixam da falta de oportunidades de emprego.
“Sua visita é motivo de esperança nas nossas aspirações para melhoria”, disse o biólogo Benito Espinoza, de 41 anos, na Praça da Revolução. “Nós somos um povo otimista, mas temos sofrido por muitos anos”.
Primeiro papa latino-americano, Francisco, acenou e cumprimentou os cubanos que chegaram para a missa, deleitando uma família quando ele pegou e beijou a menina de quatro anos de idade Karen Correoso.
A multidão, com muita gente vestida de branco, agitava bandeiras de Cuba e do Vaticano na Praça, enqanto chegavam também dezenas de padres e freiras.
Dissidentes são detidos - Entre 30 a 40 dissidentes foram detidos para que não participassem de eventos papais, disse um grupo dissidente dos direitos humanos.
Agentes de segurança lutaram com dois homens e uma mulher na borda da Praça da Revolução e em seguida levaram-nos para fora do local depois que eles começaram a gritar e tentaram distribuir panfletos, disse uma testemunha à Reuters.
Ainda neste domingo, o papa se reunirá com o líder cubano Raul Castro, e poderia encontrar-se também, fora de agenda, com o ex-presidente Fidel Castro.
Na segunda-feira, Francisco viaja para as cidades de Holguín e Santiago de Cuba, no oeste do país, onde vai oficiar missa e reunir-se com religiosos locais. na terça-feira, parte para os Estados Unidos.
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