Pode-se dizer que os mass media são os principais responsáveis pelas transformações sociais da atualidade. O jornalista é seu cúmplice e sabe quais são as armas capazes de construir ou destruir ideologias. Cientes desse conceito, a imprensa em geral atua cada vez mais com a ideia de "o que é bom é aquilo que o público gosta". A partir do momento em que os produtos da mídia são consumidos, se tornam mercadorias. É na guerra em busca de audiência, que as regras da ética e moral são esquecidas. Daí vale tudo: sensacionalismo, notícias mal-investigadas, boatos.
Segundo o jornalista Jairo Faria Mendes, no artigo Opção pelo sensacionalismo, publicado no Observatório da Imprensa (novembro/2000),"a ética jornalística é influenciada pelas idéias dominantes em nossa sociedade. Por isso, ela será muito influenciada pelo pensamento neoliberal, que se subordinará aos princípios capitalistas, idolatrando o mercado, valorizando o egoísmo e o individualismo".
Quando se fala em sensacionalismo, falamos de manipular a informação de modo incompleto ou parcial e apresentar essa informação num formato exagerado ou enganador. A exploração de notícias sensacionalistas em geral resulta em audiência, mas também pode gerar em mais sensacionalismo. Ele pode vir expresso na apresentação visual (diagramação), no tema (conteúdo) e na forma de apresentar o discurso.
Sensacionalismo envolve também a certeza de verdade absoluta em determinados fatos, quando o que se tem são opiniões, hipóteses, casos isolados. O sensacionalismo é, na verdade, uma questão mundial, mas no Brasil foi transformado em instrumento da competição entre emissoras de televisão e jornais. Esta concorrência é prejudicial à formação de uma opinião pública clara e sensata.
Se recordarmos do triste caso de uma escola paulista - no qual os diretores foram acusados de molestar sexualmente seus alunos - veremos que para os meios de comunicação basta um indício, uma denúncia qualquer para que sejam feitas grandes manchetes sensacionalistas. Constatou-se posteriormente que a acusação era falsa, mas a vida dos diretores da escola foi totalmente destruída. Mais tarde a própria TV apuraria os fatos, desmentiria as investigações oficiais e corrigiria o erro. Entretanto, a retratação serviu apenas para que saíssem da prisão.
Sensacionalismo é, enfim, fazer apelo a reações mais baseadas na emoção do que na razão, trazendo sentimentos primários à tona, simplificando polêmicas em vez de fornecer elementos que permitam pensar, compreender, formar opinião. E, neste contexto, não interessa só aquilo que o veículo diz, mas também o modo como se diz. É claro que a mídia deve ser investigativa, denunciante de injustiças. Este é seu principal papel na sociedade, mas precisa ser exercido com responsabilidade, visando as conseqüências que erros de informação podem causar.
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