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Huck: ‘Não sou candidato a presidente, mas não vou deixar de me envolver’

artigo de Luciano Huck, na Folha de S. Paulo

Não, não sou candidato a presidente da República.
Um assunto como esse, contudo, não pode ser tratado sem reflexão.
Nunca falei que seria candidato a nada, mas nunca me esquivei de me posicionar. Acho que sempre fui alguém movido pela vontade de aprender e por uma curiosidade inata e verdadeira.
Em mais de 20 anos de carreira, sempre quis ser alguém que se coloca, que está presente na cena nacional e faz o que pode para usar sua energia a favor da evolução da sociedade e da nação. Nunca fiquei escondido atrás do conforto da indiferença e da fama, nunca me omiti, fazendo cara de paisagem, só posando para selfies e fingindo não ver o mundo em que estou.
Por força do meu trabalho, nas últimas duas décadas viajei este país de ponta a ponta, entrei na casa das pessoas, dividi com elas seus sonhos, compartilhei seus desejos, sem nenhuma intenção além de ouvir e de contar suas histórias.
Sempre disse que meço o sucesso daquilo que faço pelo impacto positivo que eu possa produzir na vida das outras pessoas. Mas o melhor tem sido descobrir que o meu maior aprendizado vem justamente do impacto da vida de outras pessoas sobre a minha.
Dito isso, não tenho a menor dúvida de que estas duas últimas décadas de trabalho na televisão me ensinaram muito e, por consequência, fizeram de mim um homem, pai, marido e cidadão melhor.
Mas posso dizer também que vi o Brasil profundo como poucos têm a chance (e, às vezes, a disposição)de conhecer. Vi e vivi os vários países que coexistem dentro dos contornos do Brasil. Ainda que a língua seja a mesma, sei que nossos problemas possuem sotaques incrivelmente diferentes.
Sem qualquer convite, fui dragado para uma discussão política, um lugar fora de minha área de conforto. Com a curiosidade e o interesse pela vida que sempre me moveram, eu me senti inclinado a aprofundar o olhar.
O fato é que, neste momento da história, observo um ou outro movimento interessante e positivo, mas ainda não vejo liderança capaz de desenhar e defender um projeto de Brasil coerente e eficaz que nos inspire, que nos mobilize. E esse não é um sentimento só meu, o que cria campo fértil para especulações políticas.
Meu nome foi levado para esse debate, em boa medida, por ter afirmado que está na hora de minha geração ocupar espaços de poder.
Não vou me furtar a esta discussão, mas isso não significa que esteja me lançando a qualquer tipo de cargo. Neste momento da minha vida e carreira, não acho que seja necessário, nem produtivo, fazer uma mudança tão radical de rota.
A política não se resume a partidos, mandatos ou cargos. Sinto-me fazendo política pelo simples fato de estar preocupado em discutir ideias, conectar pessoas, apoiar causas e, principalmente, poder usar da visibilidade e do crédito que conquistei com muito trabalho para apontar a direção que entendo ser melhor para o conjunto.
Usar a força da TV aberta e das redes sociais para inspirar, transformar, mostrar que, mesmo vivendo em um país tão desigual, não precisamos ficar inertes, como se a realidade não pudesse ser alterada.
Estamos em um momento do país em que todos devemos ser políticos, ressignificar essa palavra, trazê-la para o centro das discussões. Temos que superar a polarização patrulheira e começar a discutir ideias e projetos.
Esquerda ou direita, isso deveria importar menos -precisamos das duas pernas. Temos que ser curadores das boas ideias, de gente competente que queira se dedicar de fato à gestão pública, a servir. Acredito que só assim criaremos políticas que apontem para um projeto maior e mais justo de país.
Não vamos conseguir desmontar as engrenagens do poder, mas podemos consertar a lógica da estrutura -e, principalmente, podemos mudar radicalmente quem as faz rodar. Temos que aposentar os velhos vícios de como se faz política, e com eles seus criadores e protagonistas.
As ideias, as iniciativas e os bons projetos vão surgir, mas o maior ativo sempre serão as pessoas. Gente que possa fazer a diferença na vida dos outros.
Reafirmo: não sou candidato a nada. Mas também não vou deixar de me envolver e de me dedicar à transformação do país.
Acredito que, de onde estou, posso fazer muito e contribuir muito mais. Por exemplo: mostrando o país de verdade, erguendo pontes entre os diversos mundos contidos nele, apontando caminhos, contribuindo com a construção de um olhar mais crítico, atuando via tecnologia.
Contem comigo na construção deste Brasil mais humano, mais positivo e mais justo de se viver.

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