Política - A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) está na lista de 15 políticos que terão as doações de campanhas investigadas pela Procuradoria Geral da República, revelou na edição desta segunda-feira, 23, o jornal Folha de S. Paulo. Para a PGR, os repasses fazem parte das propinas repassadas pelas empresas envolvidas na Operação Lava-Jato. Nas petições ao STF (Supremo Tribunal Federal), a PGR usa termos contundentes para insinuar a ligação de políticos com doações suspeitas. Num trecho sobre Gleisi, pede-se para que a “autoridade policial” pesquise doações de empreiteiras recebidas por ela e pela sigla.
A PGR vai fazer uma varredura em ao menos R$ 62,6 milhões de doações eleitorais declaradas à Justiça para verificar se dinheiro desviado da Petrobras foi destinado por empreiteiras para abastecer campanhas. A suspeita é que parte da propina de empresas a políticos e a partidos tenha sido paga por meio de doações registradas para campanha. Os recursos, na verdade, viriam de contratos superfaturados de obras da Petrobras. A apuração será realizada nas prestações de contas de 2010 de siglas e de políticos que tiveram pedido de investigação autorizado pelo STF.
Em sua delação premiada, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa disse que doação eleitoral é “a maior balela” que existe no país: “Seja oficial ou não oficial, não são doações, são empréstimos. A empresa está emprestando pro cara e depois vai cobrar”. Também em delação, o doleiro Alberto Youssef listou congressistas e partidos como beneficiários de propinas disfarçadas de doações legais.
Em dois episódios detalhados por Youssef, as doações de campanha apontadas pelo doleiro como propina estão formalmente declaradas à Justiça Eleitoral. Em um deles, o delator dá detalhes sobre um e-mail obtido pela investigação em que um diretor da Queiroz Galvão solicita recibos de doações de até R$ 500 mil para quatro candidatos e quatro diretórios partidários. Na lista, estão repasses para o deputado Nelson Meurer (PP-PR) e para o ex-deputado Mário Negromonte (PP-BA).
Em outra ocasião, Youssef disse que conseguiu R$ 400 mil em doação para o senador Benedito de Lira (PP-AL). Segundo ele, o repasse, feito pela empresa Constran, do mesmo dono da UTC, foi “abatido” do caixa de contratos da área de abastecimento da Petrobras. Uma dificuldade na apuração é o fato de a receita da campanha de 2010 de muitos dos envolvidos ser formada por repasses do caixa dos partidos, sem origem identificada. Eram as chamadas “doações ocultas”, hoje abolidas.
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