Política - Agora é oficial. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) vai responder por crime de corrupção passiva qualificada em inquérito aberto no SFT (Supremo Tribunal Federal). Gleisi foi denunciada por receber dinheiro desviado da Petrobras conforme apurou a Polícia Federal nas investigações da Operação Lava-Jato. O nome de Gleisi no esquema surgiu nas delações, aprovadas pela Justiça Federal, do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa. O marido de Gleisi, o ex-ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT) também é arrolado no inquérito de Gleisi no STF. Outros dois paranaenses também responderam processos no Supremo: os deputados federais Dilceu Sperafico (PP) e Nelson Mereur (PP).
Nos depoimentos dos delatores, Gleisi recebeu R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado em 2010. O dinheiro não consta na prestação de contas da petista na Justiça Federal. A petista recebeu ainda, nas campanhas de 2010 e 2014, mais R$ 13,5 milhões de empreiteiras – 13 delas envolvidas no escândalo do Petrolão e outras 12 com contratos com o governo federal. (Leia box)
O eventual crime praticado por Gleisi, segundo o Ministério Público Federal, é tipificado no artigo 137 do Código Penal e prevê pena de reclusão de dois a 12 anos e multa.
Conforme a petição do MPF, Gleisi faz parte do “núcleo político” da “organização criminosa complexa” que tem outros três núcleos: econômico, administrativo e financeiro.
Doações – “O núcleo político, formado principalmente por parlamentares que, utilizando-se de suas agremiações partidárias, indicava e mantinha funcionários de alto escalão da Petrobras, em especial os diretores, recebendo vantagens indevidas pagas pelas empresas cartelizadas (componentes do núcleo econômico) contratadas pela sociedade de economia mista, após a adoção de estratégias de ocultação da origem dos valores pelos operadores financeiros do esquema”, diz a petição assinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Segundo ainda a petição, Gleisi pode ter recebido os recursos desviados através de duas forma: entrega de valores em espécie (o caso do R$ 1 milhão, entregue em quatro parcelas de R$ 250 mil em um shopping de Curitiba) ou, em épocas de campanhas eleitorais, através de doações “oficiais”, devidamente declaradas, pelas construtoras
ou empresas coligadas, diretamente para os políticos ou para o diretório nacional ou estadual do partido respectivo, “as quais, em verdade, consistiam em propinas pagas e disfarçadas do seu real propósito”. É o caso da maior parte das doações recebidas por Gleisi nas campanhas de 2010 (ao Senado) e de 2014 (ao Governo do Paraná).
No inquérito, o MPF pede uma pesquisa das doações eleitorais em favor de Gleisi, através do comitê financeiro e dos diretórios estadual e nacional “visando identificar se há,
dentre os doadores, empresas investigadas no contexto da Operação Lava-Jato e, em havendo, elaboração de linha de tempo das doações realizadas por essas empresas além de indicação dos percentuais correspondente ao quantum que foi doado por essas empresas”. O MPF pede ainda os registros de entrada no edifício sede da Petrobras no Rio de Janeiro, incluindo o denominado “acesso vip” no período entre abril e outubro de 2010 em relação a Gleisi e Paulo Bernardo. O petista e mais Rafael Angulo e Ernesto Kruger Rodrigues serão convocados para oitivas.
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